Cibersegurança Industrial: Ataques Crescem 100% em 2025
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Cibersegurança Industrial: Ataques Crescem 100% e Transformam Proteção Digital em Questão de Sobrevivência

A revolução digital que transformou o chão de fábrica brasileiro também abriu as portas para uma nova e preocupante realidade: a indústria nacional tornou-se o principal alvo de cibercriminosos em todo o mundo. De pequenas metalúrgicas (que utilizam Aços Especiais) no interior de São Paulo às gigantes petroquímicas do Rio Grande do Sul, empresas de todos os portes enfrentam uma guerra silenciosa que acontece nos bastidores da produção, onde dados estratégicos, projetos confidenciais e segredos industriais são disputados a golpes de código malicioso.

O cenário revelado pelos dados mais recentes é alarmante: em 2025, o setor industrial brasileiro registrou 3.837 incidentes de segurança cibernética, incluindo 1.607 vazamentos confirmados de dados entre novembro de 2023 e outubro de 2024. Esses números representam praticamente o dobro em relação ao ano anterior, segundo informações divulgadas pelo DBIR 2025, relatório global produzido em colaboração com a empresa brasileira Apura Cyber Intelligence.

Mas os números, por si só, não contam toda a história. Por trás de cada estatística existe uma empresa que teve seus projetos mais secretos expostos, seus sistemas produtivos paralisados ou suas informações estratégicas roubadas por grupos criminosos cada vez mais organizados e sofisticados. O que antes era considerado um problema exclusivo de grandes corporações multinacionais agora atinge desde a pequena fábrica de componentes automotivos até as mais modernas plantas de energia renovável.

Esta transformação do panorama de ameaças digitais não é apenas uma questão tecnológica – é uma questão de sobrevivência empresarial. Em um mercado globalizado onde a informação é poder e os dados são o novo petróleo, proteger os ativos digitais industriais deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma necessidade vital para a continuidade dos negócios.

Por Que a Indústria Se Tornou o Alvo Preferido dos Cibercriminosos

A explicação para essa escalada de ataques contra o setor industrial vai muito além da simples oportunidade. Marco Romer, Coordenador de Reports da Apura Cyber Intelligence, é categórico ao explicar as razões que colocaram a indústria na mira dos criminosos digitais: “A indústria atrai criminosos digitais por razões estratégicas e técnicas. Uma das principais razões pelas quais o setor industrial está entre os mais visados é que ele detém informações valiosas relacionadas a processos produtivos, planejamento estratégico e tecnologia proprietária”.

O Valor Estratégico dos Dados Industriais

Diferente de outros setores da economia, as empresas industriais acumulam um tipo especial de informação que desperta o interesse de diferentes tipos de criminosos. Fórmulas químicas desenvolvidas ao longo de décadas, processos produtivos que garantem vantagens competitivas, projetos de novos produtos ainda em desenvolvimento, contratos estratégicos com fornecedores e clientes, dados sobre capacidade produtiva e planejamento de expansão – todo esse conjunto de informações representa um tesouro para quem quer obter vantagens no mercado.

O relatório DBIR 2025 confirma essa tendência ao mostrar que dados internos correspondem a 64% do total roubado em ataques direcionados ao setor industrial. Isso significa que os criminosos não estão interessados apenas em informações pessoais de funcionários ou dados financeiros básicos, mas sim no que há de mais valioso dentro de uma empresa: seu conhecimento interno e seus segredos comerciais.

A Vulnerabilidade Estrutural do Setor

Além do valor das informações, existe um componente técnico que torna a indústria particularmente vulnerável aos ataques cibernéticos. Marco Romer destaca um aspecto crucial: “fábricas e demais empresas da cadeia de manufatura detêm dados estratégicos, operam sistemas específicos do setor e, muitas vezes, lidam com tecnologias legadas, tornando-se alvos fáceis para grupos de cibercriminosos”.

Esta vulnerabilidade estrutural tem raízes profundas na própria natureza da produção industrial. Muitas plantas industriais operam com sistemas que foram projetados décadas atrás, quando a conectividade com a internet não era uma preocupação. Esses sistemas legados, embora extremamente confiáveis para suas funções originais, frequentemente carecem dos recursos de segurança necessários para enfrentar as ameaças modernas.

O Perfil das Empresas Mais Atacadas: PMEs na Linha de Frente

Uma das descobertas mais surpreendentes do relatório DBIR 2025 diz respeito ao porte das empresas mais atingidas por ataques cibernéticos. Contrariando o senso comum de que apenas grandes corporações seriam alvos interessantes para criminosos digitais, os dados revelam que mais de 90% das empresas atingidas são pequenas e médias (PMEs).

Esta realidade tem explicações tanto econômicas quanto técnicas. Do ponto de vista econômico, as PMEs frequentemente possuem menos recursos investidos em segurança da informação, o que as torna alvos mais fáceis. Além disso, muitas dessas empresas subestimam o valor de suas próprias informações, acreditando que não seriam alvos interessantes para criminosos sofisticados.

O Erro Fatal da Subestimação

O grande equívoco das pequenas e médias empresas industriais está em acreditar que seus dados não têm valor suficiente para despertar o interesse de cibercriminosos. Na realidade, essas empresas frequentemente possuem informações extremamente valiosas: podem ser fornecedoras de grandes corporações, detentoras de tecnologias de nicho, ou empresas especializadas em processos específicos que representam elos críticos em cadeias produtivas globais.

Além disso, as PMEs industriais muitas vezes servem como porta de entrada para ataques a empresas maiores. Um criminoso que consegue acesso aos sistemas de uma pequena metalúrgica fornecedora de uma montadora, por exemplo, pode usar essa posição para lançar ataques mais sofisticados contra o cliente final.

A Dupla Motivação dos Ataques: Lucro e Espionagem

O relatório da Apura revela um dado particularmente preocupante sobre a motivação por trás dos ataques cibernéticos industriais. Segundo Marco Romer, “a principal motivação dos agentes externos (86% dos casos) é, em grande parte, financeira (87%), mas a espionagem digital cresceu drasticamente e está presente em 20% dos casos, um aumento notável em relação aos 3% registrados no ano anterior”.

A Escalada da Espionagem Industrial Digital

O crescimento da espionagem industrial de 3% para 20% em apenas um ano representa uma das transformações mais significativas no panorama de ameaças cibernéticas. Este aumento não é casual – reflete mudanças geopolíticas globais e o acirramento da competição tecnológica entre nações e blocos econômicos.

Marco Romer explica que o setor industrial atrai dois tipos distintos de criminosos: “o setor é visto por cibercriminosos comuns como uma ótima oportunidade de faturamento, visto que a exposição de informações confidenciais roubadas e a indisponibilidade de alguns serviços podem trazer prejuízos multimilionários. Já os grupos patrocinados por Estados atacam organizações do setor como forma de obter vantagem competitiva e acesso a novas tecnologias para as respectivas nações que representam”.

O Impacto Financeiro dos Ataques

Os ataques financeiramente motivados seguem uma lógica empresarial perversa: os criminosos calculam cuidadosamente o potencial de lucro versus o risco de cada operação. No caso da indústria, esse cálculo frequentemente favorece o ataque, pois a paralisação de uma linha de produção ou a exposição de informações confidenciais pode gerar prejuízos muito superiores aos valores exigidos como resgate.

Essa realidade cria um círculo vicioso: quanto mais valiosa é a operação industrial, maior é o prejuízo potencial de uma paralisação, e consequentemente, maior é a disposição da empresa em pagar para resolver rapidamente o problema. Os criminosos conhecem essa dinâmica e a exploram de forma calculada.

As Principais Táticas dos Cibercriminosos: Um Arsenal em Constante Evolução

O relatório DBIR 2025 identificou três padrões que lideram os ataques à indústria brasileira: invasão de sistemas (intrusão), engenharia social e ataques básicos a aplicações web. Cada uma dessas táticas representa um vetor diferente de ataque, com características e objetivos específicos.

Invasões de Sistema: A Arte da Intrusão Sofisticada

As invasões de sistema representam 60% das violações no setor industrial, mais que o dobro do observado nas tentativas de engenharia social (22%). Essa predominância revela uma evolução preocupante no nível de sofisticação dos ataques, que agora envolvem técnicas avançadas de penetração e movimentação lateral dentro das redes corporativas.

Essas invasões seguem um padrão típico: os atacantes primeiro identificam vulnerabilidades nos sistemas expostos à internet, exploram essas falhas para obter acesso inicial, e então se movem lateralmente pela rede interna da empresa, escalando privilégios e coletando informações até alcançar seus objetivos principais.

A Utilização de Credenciais Roubadas: O Problema da Reutilização de Senhas

Um dos achados mais preocupantes do relatório é que a utilização de credenciais roubadas está envolvida em 34% das violações. Este número reflete um problema endêmico no setor industrial: a reutilização de senhas entre diferentes sistemas e a manutenção de credenciais padrão em equipamentos industriais.

Muitas empresas industriais ainda operam com senhas padrão de fábrica em seus equipamentos de automação, ou mantêm as mesmas credenciais por anos sem alteração. A implementação de um sistema de Controle de Acessos robusto é crucial. Quando essas informações são comprometidas em vazamentos de dados de outras empresas ou obtidas através de ataques de força bruta, os criminosos podem acessar sistemas críticos com facilidade.

Exploração de Vulnerabilidades: O Desafio das Atualizações

A exploração de vulnerabilidades aparece em 23% das violações, um número que reflete a dificuldade específica do setor industrial em manter seus sistemas atualizados. Diferentemente de computadores de escritório, que podem ser reiniciados e atualizados regularmente, muitos sistemas industriais operam 24 horas por dia, 7 dias por semana, tornando as atualizações de segurança um desafio operacional complexo.

Phishing: A Engenharia Social Direcionada

Presente em 19% dos casos, o phishing no setor industrial tem características específicas. Os criminosos frequentemente direcionam seus ataques a funcionários com acesso privilegiado a sistemas críticos, usando informações coletadas sobre a empresa e seus processos para criar mensagens convincentes que passam pelos filtros tradicionais de segurança.

Ransomware: A Ferramenta Preferida dos Criminosos

O ransomware mantém sua posição como a ferramenta preferida dos agentes de ameaça, sendo responsável por 47% das invasões detectadas no setor industrial. Esta predominância não é casual – o ransomware é particularmente efetivo contra empresas industriais devido às características específicas deste setor.

Por Que o Ransomware é Tão Efetivo na Indústria

A efetividade do ransomware na indústria está diretamente relacionada ao impacto da paralisação produtiva. Quando uma linha de montagem para de funcionar, os prejuízos se acumulam rapidamente: produtos não são produzidos, contratos podem ser quebrados, funcionários ficam ociosos, e a reputação da empresa perante clientes e fornecedores pode ser severamente prejudicada.

Além disso, muitos sistemas industriais são interconectados, o que significa que a infecção de um componente pode se espalhar rapidamente para toda a planta produtiva. Esta característica de propagação torna o ransomware particularmente devastador no ambiente industrial.

A Evolução das Táticas de Ransomware

Os grupos de ransomware evoluíram suas táticas especificamente para o setor industrial. Além de criptografar arquivos, muitos grupos agora também roubam informações confidenciais antes de executar a criptografia, criando uma dupla pressão sobre as vítimas: além do prejuízo da paralisação, existe também a ameaça de exposição de segredos industriais.

Esta tática, conhecida como “dupla extorsão”, tem se mostrado particularmente efetiva contra empresas industriais, que frequentemente possuem informações sensíveis que não podem ser expostas publicamente sem causar danos significativos aos negócios.

A Ascensão da Espionagem Industrial: 1 em Cada 5 Ataques

Um dos aspectos mais preocupantes revelados pelo relatório é o novo protagonismo da espionagem industrial: 1 em cada 5 ataques descobertos tinha como objetivo a obtenção de segredos industriais, projetos confidenciais e relatórios internos. Estes dados, segundo o relatório, “muitas vezes, nunca ganham as manchetes, mas podem determinar o futuro de setores inteiros”.

O Valor Invisível dos Segredos Industriais

A espionagem industrial representa uma ameaça particularmente insidiosa porque seu impacto nem sempre é imediatamente visível. Quando uma empresa tem seus dados financeiros vazados ou seus sistemas criptografados por ransomware, o problema é evidente e demanda ação imediata. Já quando segredos industriais são roubados, o impacto pode não ser percebido por meses ou até anos.

Imagine uma empresa química que desenvolveu um novo processo produtivo que reduz custos em 15%. Se essa informação for roubada e repassada a concorrentes, a vantagem competitiva da empresa pode desaparecer sem que ela sequer perceba que foi vítima de espionagem industrial. O impacto só se tornará evidente quando concorrentes começarem a oferecer produtos similares a preços mais baixos.

Os Atores por Trás da Espionagem

A espionagem industrial envolve diferentes tipos de atores com motivações distintas. Empresas concorrentes podem contratar grupos criminosos para roubar informações sobre novos produtos ou processos produtivos. Países podem patrocinar ataques para obter tecnologias que considerem estratégicas para suas economias nacionais. Até mesmo grupos criminosos comuns podem roubar informações industriais para vendê-las no mercado negro a interessados.

Sistemas Legados: O Calcanhar de Aquiles da Indústria

Marco Romer chama atenção para um aspecto fundamental da vulnerabilidade industrial: “o setor utilizar sistemas altamente específicos de Controle de Fluidos e automação de plantas industriais de grande porte, muitas vezes marcados por uma cultura tradicionalmente distante da cibersegurança. Além disso, é comum encontrar sistemas operando continuamente por décadas, o que faz com que muitos ainda utilizem componentes tecnológicos desatualizados e, portanto, vulneráveis a ataques”.

O Desafio da Atualização Contínua

A operação contínua é uma característica fundamental da indústria que cria desafios únicos para a cibersegurança. Enquanto sistemas de escritório podem ser desligados para manutenção durante fins de semana, muitos sistemas industriais precisam operar 24 horas por dia para manter a produção.

Esta necessidade de operação contínua significa que atualizações de segurança frequentemente são adiadas para paradas programadas de manutenção, que podem ocorrer apenas algumas vezes por ano. Durante esses períodos, vulnerabilidades conhecidas permanecem sem correção, criando janelas de oportunidade para os atacantes.

Análise de Impacto

O impacto dos ataques cibernéticos na indústria transcende o prejuízo financeiro imediato. A interrupção da produção pode causar um efeito cascata em toda a cadeia de suprimentos, afetando fornecedores e clientes. A reputação de uma empresa pode ser manchada, resultando na perda de confiança do mercado e de investidores. Além disso, a exposição de segredos industriais pode levar à perda de vantagem competitiva, com concorrentes se apropriando de tecnologias e processos desenvolvidos a um alto custo.

Perspectiva Comparativa

Em comparação com outros setores, a indústria apresenta um conjunto único de desafios em cibersegurança. Enquanto o setor financeiro, por exemplo, tem investido pesadamente em segurança digital há décadas, a indústria só recentemente começou a despertar para a gravidade da ameaça. A convergência entre TI (Tecnologia da Informação) e TO (Tecnologia da Operação) nas fábricas modernas cria uma superfície de ataque muito mais ampla e complexa do que em ambientes puramente de escritório.

Perguntas Frequentes Sobre Cibersegurança Industrial

1. Por que a indústria se tornou um alvo tão visado?

A indústria detém informações valiosas, como propriedade intelectual, segredos comerciais e dados de produção. Além disso, a paralisação de uma fábrica pode causar prejuízos milionários, tornando as empresas industriais alvos lucrativos para ataques de ransomware.

2. Quais são os tipos de ataques mais comuns?

Os ataques mais comuns são ransomware, phishing, exploração de vulnerabilidades em sistemas legados e espionagem industrial. A utilização de credenciais roubadas também é uma tática frequente.

3. Como posso proteger minha empresa?

A proteção eficaz envolve uma abordagem em camadas, incluindo a implementação de firewalls, sistemas de detecção de intrusão, gerenciamento de patches, treinamento de funcionários para reconhecer phishing e a adoção de uma cultura de segurança em toda a empresa.

4. O que são sistemas legados e por que são um problema?

Sistemas legados são tecnologias mais antigas que ainda estão em uso. Eles são um problema porque muitas vezes não recebem mais atualizações de segurança do fabricante, tornando-os vulneráveis a ataques.

5. Qual o papel da espionagem industrial no cenário atual?

A espionagem industrial está em ascensão, com o objetivo de roubar segredos comerciais e propriedade intelectual para obter vantagem competitiva. Ela pode ser patrocinada por concorrentes ou até mesmo por governos.

Conclusão: A Cibersegurança como Pilar da Indústria 4.0

A crescente onda de ataques cibernéticos contra o setor industrial deixa claro que a segurança digital não é mais um item opcional, mas sim um pilar fundamental para a sobrevivência e o sucesso na era da Indústria 4.0. Proteger os ativos digitais é tão crucial quanto proteger os ativos físicos. As empresas que investirem em uma estratégia de cibersegurança robusta e abrangente estarão mais bem preparadas para enfrentar os desafios do futuro e garantir sua competitividade no mercado global.

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